A ansiedade faz parte do ser humano desde o início dos tempos. Perante a realização de uma prova, um exame, uma entrevista de emprego ou a possibilidade de uma promoção, é normal sentirmo-nos ansiosos, com o coração acelerado ou termos dificuldade em adormecer no dia anterior. É frequente ouvirmos o termo ansiedade e associarmos o seu significado a outras palavras que fazem parte do nosso dia-a-dia, como: “medo”, “pavor”, “pânico”, “apreensão”, “nervosismo”, “stresse”, “preocupação”, “temor”, “horror” e “terror”.
Seria difícil encontrar alguém que não experimentou medo ou se sentiu ansioso em relação a um evento iminente, o que, na maior parte das vezes, não constitui qualquer problema. O medo tem uma função adaptativa que é absolutamente necessária à sobrevivência da espécie humana, uma vez que alerta e prepara o organismo para responder a perigos e emergências que poderiam ser fatais. De facto, em termos históricos, o medo representou a diferença entre a sobrevivência e a morte; entre o corajoso, que se expõe demasiado e acaba por sucumbir, e o temeroso, que se esconde da ameaça e, graças a isso, sobrevive… Afinal de contas, se estamos no meio da estrada e um autocarro vem na nossa direção a alta velocidade, é bom ter medo de ser atropelado e procurar chegar ao passeio o mais rapidamente possível!
Importa ter noção de que, embora exista uma relação entre medo e ansiedade, os dois termos não são exatamente sinónimos. Vejamos:
O medo é normalmente definido como um sistema de alarme primitivo que é desenvolvido em resposta a um perigo presente. Por outras palavras, é um processo cognitivo que envolve a avaliação de perigo real ou potencial numa situação; o que nos permite reagir de imediato perante uma ameaça.
A ansiedade é uma emoção orientada para o futuro, caracterizada por perceções de incontrolabilidade e
imprevisibilidade em relação a eventos potencialmente aversivos. Dito de outro modo, a ansiedade surge associada à sensação de que há acontecimentos que não estão totalmente sob o nosso controlo e existe a possibilidade de que corram mal.
Neste sentido, nos momentos de ansiedade, predominam as questões do tipo “e se?”:
- E se a entrevista de emprego correr mal?
- E se eu tiver uma branca durante o exame?
- E se as palpitações que sinto no coração forem o início de um ataque cardíaco?
Os sintomas são vários, manifestam-se de forma diferente e a níveis diferentes. Vejamos alguns dos sintomas mais comuns em situações de ansiedade:
Claro que é possível (e até mesmo provável) que todos nós já tenhamos sentido alguns destes sintomas (ou todos). É importante estar consciente de que é absolutamente normal e que a generalidade dos seres humanos passa por alguns destes sintomas diariamente.
Então quando é que a ansiedade se torna patológica e quais são os sinais de que devemos procurar a ajuda de um especialista?
Habitualmente são apontados 5 fatores a ter em conta quando tentamos identificar se a ansiedade que sentimos é normal ou patológica:
1. pensamentos disfuncionais;
O medo e a ansiedade excessivos derivam de uma falsa suposição, ou seja, é feita uma avaliação errada que nos leva a considerar haver perigo em determinada situação, apesar de não termos feito qualquer observação direta que o confirme.
Por exemplo, é normal sentirmos medo se estivermos numa estrada deserta e virmos um lobo a correr na nossa direção, de dentes arreganhados, mas se o sentimento de medo for espoletado pela visão de um pug que é levado pela trela pelo seu dono, então o medo estará provavelmente a ser provocado por um pensamento disfuncional.
2. funcionamento prejudicado
A ansiedade tem interferência no funcionamento social e ocupacional diário do indivíduo. O medo e a ansiedade clínicos geralmente interferem na capacidade da pessoa ter uma vida produtiva e satisfatória, por isso, se começar a notar que há várias solicitações às quais não consegue dar resposta por causa da ansiedade, provavelmente o seu funcionamento normal está a ser prejudicado.
3. manutenção
A sensação de ansiedade persiste muito para lá do que seria expectável numa situação normal. Se a ansiedade é diária e frequente e se é habitual viver com uma orientação para o futuro em que é frequente antecipar ameaças ou perigos que dificilmente virão a materializar-se, então é provável que esteja a vivenciar dificuldades em desligar o botão da ansiedade.
4. alarmes falsos
Sensação de pânico acentuado, mesmo na ausência de um estímulo que o justifique. O surgimento de ataques de pânico na ausência de sinais de ameaça sugere, habitualmente, um quadro clínico.
5. hipersensibilidade ao estímulo
O medo ou ansiedade excessiva é ativado por uma variedade razoavelmente ampla de situações envolvendo perigo potencial relativamente leve ou ausente. A ansiedade intensa sentida em relação a um estímulo ou objeto não ameaçador pode ser um indicador de uma fobia específica em relação a esse estímulo.
Se a ansiedade que sente se enquadra nestes 5 fatores, então provavelmente não estará a responder adequadamente às situações de ansiedade com que se depara e é provável que a ajuda especializada de um psicólogo possa fazer uma diferença significativa na sua vida.
1 comentário
Lénia Bagarrão · Maio 24, 2019 às 11:26 am
Tive o meu primeiro episódio de ataque de pânico ha cerca de 10 anos, provocado pela ansiedade e stress. Vive durante 7 anos , com medo de conduzir sozinho, de ir pra certos sitios sozinha, com medo de ter um ataque pânico…fiquei dependente de familiares meus e deixei de fazer certas actividades com as minhas filhas, com medo de ter os ataques de pânico na presença delas..
Foram 7 anos a tomar antidepressivos, victan para Sos, ate k um dia , devido ao stress e fluxo de trabalho, tive uma recaida maior, e até medo de sair de casa sozinha tinha. .medo de estar em casa sozinha… 9 meses de baixa, nunca tinha estado de baixa por causa deste problema..
Conclusão, decidi para além da medicação, fazer psicoterapia! E foi a melhor decisão da minha vida, pois ja passaram 2 anos, e ataques pânico, zero, a maioria dos medos ja desapareceram kuase todos e sinto me hoje, uma pessoa renovada, nova e mentalmente saudável!
Aconselho vivamente, psicoterapia a todas as pessoas que sofrem deste problema, pk só os químicos, não curam…
Como eu digo á minha psicoterapeuta, há quem vá uma hora ao Ioga, o meu ioga, é o tempo que passo que a minha psicoterapeuta 😊😊!